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Um retrato do estudo no Peru

Entre as ações facilitadoras, o pesquisador citou que o medicamento da PrEP está disponível a um preço baixo graças à parceria com a Opas, destacando que o Peru conta com centros bem estabelecidos e especializados na prevenção de HIV e outras IST, e que a PrEP consta das diretrizes do Ministério da Saúde local. Entre as barreiras, existe falta substancial de informações sobre a profilaxia entre a população de modo geral. 

Comentando sobre os impactos da Covid-19, Caceres lembrou que a pandemia foi severa no Peru, com lockdown de meados de março até o final de junho e grande  parte dos programas de saúde foi interrompida. No ImPrEP, alguns participantes desistiram e outros soroconverteram para o HIV. Muitos tiveram de ser reinscritos. Além disso, entre julho e outubro, as unidades contaram com menos pessoal e horas de serviços, com um número menor de pessoas buscando cuidados.Atualmente, a maior parte das restrições foi revogada, mas os serviços ainda não voltaram plenamente ao normal. No entanto, a baixa demanda continua.

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O pesquisador informou que o número de casos e mortes por Covid-19 continua em queda, manifestando esperança de que essa tendência se mantenha pelos próximos meses, apesar da proximidade do inverno, que pode ocasionar o aumento dos casos. No entanto, se houver uma nova onda, o sistema de saúde já está melhor preparado para geri-la.

Impactos econômicos e outros subestudos

Em seguida, Carlos passou a palavra para a pesquisadora Annick Borquez que abordou o subestudo “Impacto e relação custo x benefício da PrEP no Peru”. Iniciou comentando que o modelo adotado para analisar a transmissão dinâmica de HIV entre HSH e mulheres trans foi dividido em quatro grupos: um de HSH estritamente homossexual, outro de HSH bissexual (que incluiu heterossexuais), outro de mulheres trans e outro de profissionais masculinos do sexo. O objetivo é estimar quantas infecções podem ser evitadas, o Daly (disability adjusted life year, indicador que mede simultaneamente o impacto da mortalidade e dos problemas de saúde que afetam a qualidade de vida dos indivíduos) e a relação custo-benefício no tocante ao limite peruano.

Em termos de efetividade de custo da PrEP, os resultados preliminares do estudo indicam que o custo de um ano de provisão da profilaxia corresponde ao total  de cerca de US$1,5 milhão e o custo por Daly evitada é de US$ 9.682.Os próximos passos do trabalho são refinar a calibração do modelo (usando dados de vigilância de 2019), refinar custos, usar dados específicos de Lima e províncias para modelos e dados de custo, investigar as variações de custo de PrEP por local e as variações de custo-efetividade da profilaxia por grupo, bem como repetir as análises com o subconjunto de participantes que buscaram ativamente a PrEP.

Após a explanação da pesquisadora, Caceres abordou outros trabalhos em andamento do Peru, como o “Estudo de escolhas discretas para diferentes apresentações de PrEP” que usará muitos dos atributos da análise brasileira (informações em https://imprepemrede.wixsite.com/emrede11). O trabalho abordará questões como eficácia, número de consultas de saúde necessárias, efeitos colaterais e frequência de uso, incluindo HSH e mulheres trans que buscam teste de HIV nas unidades de saúde que estejam usando PrEP ou não.

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Experiências entre continuadores e descontinuadores do uso da PrEP é o tema de outro subestudo qualitativo. Ambos os grupos sentem confiança, segurança, maior liberdade e satisfação em seus encontros sexuais, bem como são motivados a usar a profilaxia como uma busca de saúde, vista como "uma alternativa ao preservativo". Os continuadores informaram possuir informações detalhadas sobre uso, efeitos e limitações da PrEP. Os descontinuadores mostram percepção de baixo risco e têm dificuldade em lidar com os efeitos colaterais e o esquema diário; para eles, a prevenção combinada (PrEP + preservativo) representa um desafio, por isso decidiram parar de usar a profilaxia.

Os continuadores frequentemente iniciavam a PrEP solicitando-a nos centros de saúde (em especial usuários em relações sorodiferentes), enquanto os descontinuadores eram em geral convidados por promotores de pares para se inscrever no ImPrEP. Os continuadores conseguiram manter uma alta adesão à PrEP integrando-a em sua vida diária, enquanto para os descontinuadores a adaptação foi mais difícil.Em termos estruturais, os dois grupos apontaram dificuldades percebidas nos centros de saúde: vagas limitadas, horários inflexíveis, longas esperas, poucos profissionais e situações de discriminação por identidade e/ou orientação sexual.

 

Carceres apresentou, ainda, informações sobre o estudo“Provedores de saúde” que, entre diversos aspectos, traça o perfil do provedor de PrEP: pessoal que precisa ser treinado, comprometido e sensibilizado para trabalhar com populações-chave, que tenha conhecimento sobre diversidade sexual e resista a preconceitos. Além disso, deve gerenciar estratégias para lidar com perfis de risco, prevenção, antirretrovirais etc., demonstrando possuir informações acerca das necessidades e problemas específicos de HSH e mulheres trans. O papel dos promotores de pares é fundamental no que diz respeito à inscrição e apoio no uso da PrEP.

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