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Depressão entre mulheres trans e HSH do Brasil, México e Peru: quem tem as maiores chances?

A depressão é um distúrbio frequente entre mulheres transgênero e gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), em comparação com populações cisgênero/heterossexuais, e pode estar associada ao status positivo de HIV, experiências sexuais específicas e indicadores de desigualdades sociais.

Análise conduzida por Hamid Vega-Ramirez, do Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz, na Cidade do México, no México, e Grupo de Estudos ImPrEP*, buscou identificar fatores associados à depressão entre essas duas populações do Brasil, Peru e México.

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Brenda Hoagland e Hamid Vega-Ramirez

Realizada em 2021, a pesquisa incluiu 18.397 participantes (96% HSH e 4% mulheres trans) maiores de 18 anos. Foram coletados dados sociodemográficos, comportamentais e de uso de substâncias químicas. O bem-estar da saúde mental foi medido por meio do módulo de saúde mental do Short Form Health Survey. Os pesquisadores definiram depressão como uma pontuação igual ou inferior a três.

No total, 60,7% dos voluntários viviam no Brasil, 28,9% no México e 10,4% no Peru. A média de idade era de 33,5 anos. Pouco mais de 32% haviam cursado o ensino médio e 15,3% disseram viver com HIV. Mais da metade (60,8%) relatou possuir baixa ou nenhuma renda individual. Durante o período de acompanhamento, 23,1% foram diagnosticados com depressão (25,4% dos brasileiros, 22,8% dos peruanos e 18,4% dos mexicanos). A pontuação média de bem-estar da saúde mental foi de 20,3 pontos (20,8 no México, 20,1 no Brasil e 19,9 no Peru).

Participantes brasileiros, mais jovens, vivendo com HIV, sem renda ou com baixa renda individual e sem parceiros fixos foram associados a maiores chances de depressão. Aqueles com pontuações mais altas de bem-estar da saúde mental tiveram menores possibilidades de diagnóstico de depressão.

De acordo com os autores, a frequência de depressão entre mulheres trans e HSH na América Latina supera a da população em geral e está associada a indicadores de maior vulnerabilidade social. Ressaltam que a integração de serviços de saúde mental deve ser considerada para fortalecer a prevenção do HIV e a cascata de cuidados para minorias sexuais e de gênero na região.

*Autores:

Hamid Vega-Ramirez (1), Thiago Torres (2), Kelika Konda (3, 4), Centli Diaz-Barriga (5), Dulce Diaz-Sosa (6), Rebeca Robles-Garcia (1), Oliver Elorreaga (3), Brenda Hoagland (2), Juan Vicente Guanira (3), Carolina Coutinho (2), Marcos Benedetti (2), Cristina Pimenta (2), Beatriz Grinsztejn (2), Carlos Cáceres (3) e Valdiléa Veloso (2), do Grupo de Estudos ImPrEP.

  1. Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón de la Fuente Muñiz, Divisão de Epidemiologia e Pesquisa Psicossocial, Cidade do México, México

  2. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

  3. Universidade Peruana Cayetano Heredia, Centro de Estudos Interdisciplinares em Sexualidade, Aids e Sociedade, Lima, Peru

  4. Escola de Medicina USC Keck, Divisão de Prevenção de Doenças, Política e Saúde Global, Los Angeles, Estados Unidos

  5. Universidade Nacional Autônoma do México, Faculdade de Psicologia, Cidade do México, México

  6. Universidade Nacional Autônoma do México, Faculdade de Estudos Superiores Iztacala, Tlalnepantla, México.

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