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Alta incidência de sífilis entre HSH e mulheres trans aderentes à PrEP

Assim como outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), a sífilis continua sendo uma preocupação de saúde pública na América Latina e os programas de implementação da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV precisam avaliar o seu impacto entre as populações de gays e outros homens que fazem sexo com outros homens (HSH) e de mulheres transgênero.

Estudo, conduzido por Silver Vargas, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, localizada em Lima, no Peru, e outros pesquisadores*, investigou a relação entre a adesão à PrEP e a incidência de sífilis entre participantes dessas duas populações do projeto ImPrEP no Peru.

A análise incluiu, de abril de 2018 a junho de 2021, 2.293 pessoas que frequentavam clínicas peruanas especializadas em IST. Os participantes eram maiores de 18 anos, HIV negativos e relataram sexo anal sem preservativo, sexo com parceiro com status de HIV positivo/desconhecido, sexo transacional ou histórico de IST nos seis meses anteriores ao ingresso no estudo.

As visitas de acompanhamento e as dispensações de PrEP foram trimestrais e incluíam testes rápidos de sífilis e avaliação comportamental. A adesão à profilaxia foi medida por meio da taxa de posse de medicamento, que levava em consideração a quantidade de comprimidos prescritos e o número de dias entre as visitas. Modelos de Poisson foram utilizados para avaliar fatores relacionados à incidência de sífilis e a mudança na incidência devido ao lockdown à época da pandemia de Covid-19.

A incidência geral de sífilis foi de 9,1 casos por 100 pessoas-ano antes do lockdown, de 10 casos por 100 pessoas-ano durante o lockdown e de 8,1 casos por 100 pessoas-ano depois do lockdown. Entre os HSH, a incidência foi de 8,3 casos por 100 pessoas-ano, enquanto entre as mulheres trans a incidência foi de 14,7 casos por 100 pessoas-ano. Os grupos que registraram maior incidência de sífilis foram os participantes mais aderentes à PrEP, as mulheres trans e os voluntários que relataram sexo anal sem preservativo.

De acordo com os autores, a prevalência de sífilis foi considerada elevada entre HSH e mulheres trans, além de fortemente relacionada ao sexo sem preservativo. Eles ressaltam que os sistemas de saúde que incorporam a profilaxia devem reforçar a importância de exames periódicos e que intervenções para prevenir as IST são necessárias, principalmente entre a população de mulheres trans.

*Autores:

Silver Vargas (1), Kelika Konda (1), Ronaldo Moreira (2), Iuri Leite (2), Marcelo Cunha (2), Brenda Hoagland (2), Juan Guanira (1), Cristina Pimenta (2), Beatriz Grinsztejn (2), Valdiléa Veloso (2) e Carlos Cáceres (1)

  1. Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru, Centro de Estudos Interdisciplinares em Sexualidade, Aids e Sociedade;

  2. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil.

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