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Uso de estimulantes e seus correlatos em populações de HSH e de mulheres transgênero: análise em um contexto multinacional - o Estudo ImPrEP

A utilização de substâncias está diretamente ligada ao aumento da vulnerabilidade ao HIV e demais infecções sexualmente transmissíveis (IST) entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transgênero. É essencial identificar as substâncias mais usadas para entender o impacto do consumo na adesão a medidas de prevenção, como a profilaxia pré-exposição (PrEP) e a DoxyPEP.

Conduzida por Carolina Coutinho, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, no Rio de Janeiro, Brasil, e pelo Grupo de Estudos ImPrEP*, uma análise avaliou os fatores associados ao uso de substâncias entre HSH e mulheres trans da América Latina.

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Cristina Pimenta, Carolina Coutinho e Thiago Torres

A pesquisa incluiu, de 2018 a 2021, um total de 9.509 participantes que frequentavam clínicas de HIV/IST do Brasil, México e Peru (3.928 brasileiros, 3.288 mexicanos e 2.293 peruanos). Os fatores associados ao uso de substâncias, incluindo estimulantes como ecstasy, dietilamida do ácido lisérgico e cocaína (pó, crack ou pedra), foram identificados por meio do modelo de Poisson.

No geral, 94,3% dos voluntários eram HSH cisgênero e 5,7% mulheres trans. Pouco mais de um quarto (26,1%) tinham de 18 a 24 anos, 32,2% possuíam de 25 a 34 anos e 41,7% eram maiores de 34 anos. A maioria (73,1%) se dizia negra/parda/mestiça e 81,5% haviam concluído o ensino médio.

As substâncias mais prevalentes nos três países foram o álcool (73,2% no Peru, 65,3% no Brasil e 61,1% no México), a maconha (46,3% no México, 28,4% no Brasil e 16,5% no Peru) e os estimulantes (27% no México, 18,2% no Brasil e 6,1% no Peru). A utilização de estimulantes foi maior no México e menor no Peru, em comparação com o Brasil.

Os fatores mais associados ao uso de estimulantes incluíam ser branco, ter educação primária completa, possuir múltiplos parceiros sexuais, praticar sexo anal receptivo sem preservativo, realizar sexo transacional e consumir álcool em excesso. Buscar PrEP e ser mais jovem foram considerados fatores menos associados à utilização de estimulantes.

Segundo os autores, os HSH e as mulheres trans na América Latina apresentaram alta prevalência de uso de substâncias. Eles ressaltam a necessidade de intervenções personalizadas e abrangentes, incorporando estratégias de redução de danos, suporte à saúde mental e à adesão à PrEP.

*Autores:
Carolina Coutinho (1), Hamid Vega-Ramirez (2), Thiago Torres (1), Iuri Leite (1), Pedro Leite (1), Ronaldo Moreira (1), Kelika Konda (3), Brenda Hoagland (1), Rebeca Robles-Garcia (2), Juan Guanira (3), Sergio Bautista-Arredondo (4), Heleen Vermandere (4), Marcos Benedetti (1), Cristina Pimenta (1), Beatriz Grinsztejn (1), Carlos Cáceres (3) e Valdiléa Veloso (1), do Grupo de Estudos ImPrEP

 

  1. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

  2. Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón de la Fuente Muñiz, Divisão de Epidemiologia e Pesquisa Psicossocial, Cidade do México, México

  3. Universidade Peruana Cayetano Heredia, Centro de Estudos Interdisciplinares em Sexualidade, Aids e Sociedade, Lima, Peru

  4. Instituto Nacional de Saúde Pública, Morelos, México.

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