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Experimentos de escolhas discretas

Para conhecer o conhecimento sobre as preferências em relação às modalidades de profilaxia pré-exposição (PrEP) entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans no Brasil, México e Peru, o ImPrEP conduziu subestudo baseado na metodologia de experimentos de escolhas discretas (discrete choice experiment – DCE ), ferramenta de pesquisa utilizada para identificar atributos de preferências de usuários por meio da apresentação de cenários e da consequente escolha entre as opções expostas. 

 

A análise brasileira, realizada em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, também da Fiocruz, foi apresentada na reunião por Cláudia Pereira, pesquisadora da escola. O trabalho foi conduzido em duas fases: na primeira, realizou-se uma revisão de literatura, bem como abordagens qualitativas para avaliar atributos por intermédio do DCE. Na segunda, ocorreu a pesquisa propriamente dita, que incluiu perguntas sobre comportamento sexual, questões sociodemográficas e uso da PrEP e da profilaxia pós-exposição (PEP) ao HIV. 


A pesquisa foi administrada de duas formas: presencialmente, em cinco capitais brasileiras (Rio de Janeiro, Brasília, Manaus, Porto Alegre e Salvador), e on-line. O estudo, realizado de outubro a dezembro de 2020, contou com 3.924 participantes. Entre os resultados, verificou-se que os participantes escolhiam a modalidade de PrEP priorizando os critérios de um nível de proteção mais alto e a ausência de efeitos colaterais. A profilaxia utilizando tecnologia de longa duração, como a injetável e o uso de implante, foram apontadas como as escolhas preferidas em comparação com a PrEP oral diária.

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A análise realizada no Peru foi apresentada pelo pesquisador da Universidade Peruana Cayetano Heredia, Oliver Elorreaga, que iniciou falando sobre os alcances do trabalho: buscar maior aproximação com os públicos-alvo (HSH, travestis e mulheres trans), atender a demandas de grupos ainda não atendidos e ajustar os serviços de prevenção ao HIV às preferências, projetando melhor a oferta da PrEP. 

 

Foi realizada pesquisa on-line e presencial, de junho a outubro de 2021, junto a 2.391 participantes, oriundos do estudo ImPrEP, usuários de serviços de testagem de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis e frequentadores de mídias sociais. 

 

Os resultados apontam que os atributos/preferências considerados mais importantes pelos três grupos foram, na seguinte ordem: eficácia da PrEP, frequência de uso da profilaxia (variando de diária a trimestral), efeitos colaterais nulos, modalidade escolhida (implante), frequência de testagem de HIV (a cada três meses) e ONGs como o prestador de serviço mais indicado.

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Já o trabalho realizado no México, em 2021, foi apresentado por Diego Cerecero, do Instituto de Saúde Pública do México, que traçou um panorama inicial da PrEP no país, onde a profilaxia ainda não é uma política pública de saúde. Frisou que as barreiras enfrentadas pelos HSH mexicanos de acesso e adesão à PrEP são similares a de muitos países, envolvendo alto custo do medicamento, estigma, medo de efeitos colaterais e acesso reduzido a serviços de saúde. 

 

Como no Brasil, a análise baseada no DCE se iniciou com uma revisão literária qualitativa e, em seguida, com a realização de pesquisa junto a 383 HSH não usuários de PrEP frequentadores de sites e locais de encontros sexuais, incluindo questões sócio-demográficas, de comportamento sexual e conhecimento e disposição de usar PrEP. 

 

Os resultados apontam três atributos considerados mais importantes, todos ligados à questão de maior conveniência: modalidade de PrEP, frequência de uso da profilaxia e local de entrega do medicamento (com demonstração de menor interesse nos atributos local de testagem de HIV e serviços adicionais de saúde). Em relação à modalidade, a preferência é pelo esquema sob demanda, seguida da injetável. Quanto à frequência de uso da PrEP, o prazo de seis meses foi o mais indicado e a entrega domiciliar da profilaxia se mostrou a preferida quando comparada com a retirada em ONGs. Diego finalizou comentando que os achados da pesquisa podem colaborar na implementação da PrEP como uma política pública no México, inclusive com dados visando a introdução do esquema injetável.

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