Os avanços do ImPrEP em 2019
Brasil
Ilustração: Megan Rexazin/Pixabay
Conhecimento, intenção de uso e disponibilidade para pagar por diferentes esquemas de PrEP entre HSH no México
A implementação da profilaxia pré-exposição (PrEP) como ferramenta contra o HIV tem sido lenta, especialmente em países de renda baixa e média, em parte por causa de seus altos custos. Como os programas nacionais de PrEP estão atualmente sendo delineados, é necessário considerar alternativas para disponibilizá-los ao maior número de pessoas em risco. É essencial entender a intenção de usar e a disponibilidade em pagar por diferentes esquemas da profilaxia entre os indivíduos elegíveis.
“Conhecimento, intenção de uso e disponibilidade para pagar por diferentes esquemas de PrEP entre gays/outros homens que fazem sexo com homens (HSH) no México” é o título do trabalho que aborda esse panorama, realizado também junto a mulheres trans, tendo sido elaborado por Diego Cerecero-García, José Gomez-Castro e outros pesquisadores* do Instituto Nacional de Saúde Pública mexicano.
Entre novembro e dezembro de 2019, foi realizada uma pesquisa entre HSH e mulheres trans em locais de sociabilidade e onde se encontram parceiros sexuais. Foram coletadas informações sociodemográficas, sobre comportamento sexual, conhecimento sobre PrEP, bem como a disponibilidade para pagar e usar por diferentes esquemas da profilaxia, ou seja, a PrEP diária, a eventual (sob demanda), via injetável ou implantes. Foram exploradas as curvas de demanda para todos esses esquemas de PrEP. Para avaliar a intenção de uso e a disponibilidade para pagar foram utilizados modelos de regressão multivariados.
Foram coletados dados de 585 participantes, sendo 81% HSH e 19% mulheres trans. Cinquenta e um por centro da amostra tinha de 26 a 40 anos, 56% com nível superior de educação, 48% relataram sexo anal sem preservativo nos últimos seis meses e 59% afirmaram não ter feito sexo com parceiro vivendo com HIV nesse mesmo período.
Em relação à intenção de uso, a maioria dos HSH e as mulheres trans apontou a preferência pela PrEP diária: 85% e 93%, respectivamente, seguida por implante e esquema injetável. Quanto à disponibilidade para pagar, a maior parte dos participantes afirmou estar disposta a desembolsar U$ 116 mensais por um implante. Se for feito um recorte para renda mensal dos participantes, aqueles que ganhavam mais ou até U$ 450 demonstraram preferência pelo esquema eventual. Quarenta e oito dos participantes não manifestaram disposição para usar a PrEP, sendo 94% deles HSH e 6% mulheres trans.
O estudo conclui que há alta conscientização e intenção de uso em relação aos diferentes esquemas de PrEP entre os participantes, além de terem sido identificados fatores associados à disponibilidade para pagar. Os resultados destacam o potencial da implementação de programas nacionais de PrEP entre HSH e mulheres trans, podendo colaborar no planejamento desses programas e a ampliação do uso da profilaxia em todo o país.
*Autores do trabalho: Diego Cerecero-García, José Gomez-Castro, Araczy Martínez-Dávalos, Ivonne Huerta-Icelo, Heleen Vermandere e Sergio Bautista-Arredondo, todos do Instituto Nacional de Saúde Pública do México.
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