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Panorama atual da implementação da PrEP na América Latina

O representante da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), Giovanni Ravasi, deu ênfase inicial à recomendação já conhecida da Organização Mundial da Saúde em implementar a profilaxia pré-exposição (PrEP) como parte da estratégia combinada de prevenção ao HIV, fazendo um breve histórico das recomendações da OMS. 

Em 2012, a PrEP foi recomendada, de forma condicional, para casais sorodiscordantes, gays/outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans no contexto de projetos de demonstração. Em 2014, além de fortalecer a indicação para HSH, a profilaxia passou a ser recomendada a outras populações-chave, também de forma condicional. Em 2015, foi fortemente recomendada para pessoas com risco substancial de HIV e, em 2017, aconteceu a inclusão dos antirretrovirais para PrEP na lista dos medicamentos essenciais da OMS. Em 2018, a profilaxia foi indicada para adolescentes e ocorreu o lançamento de aplicativo para capacitação de profissionais de saúde em PrEP. Já em 2019, foi disponibilizado módulo de monitoramento e avaliação de programas acerca da profilaxia, lançadas as recomendações para a PrEP eventual a HSH e a plataforma de ensino à distância para a profilaxia (módulo clínico).

 

Políticas de inclusão de participantes e implementação de PrEP na América Latina e Caribe (ALC) foram o tema seguinte abordado por Giovanni. O palestrante mostrou que o número de países implementando a profilaxia como política pública e no setor privado cresceu de um para três em 2018, e depois para oito até o fim de 2019. A quantidade de países implementando projetos de demonstração subiu para seis até junho de 2020, se comparada aos três de 2018. O total de pessoas utilizando PrEP nesses países passou de 40, em 2017, para 20 mil em 2019. Ainda não há um número atualizado de indivíduos que tomam a medicação em 2020.

 

Os países que mais utilizam a PrEP na ALC são: Brasil (cerca de 15 mil usuários), Peru (aproximadamente 2 mil usuários) e México (por volta de mil), isto é, os três países onde o estudo ImPrEP atua representam 89% das pessoas que estão em uso da profilaxia na região, sendo que 75% delas são brasileiras. Setenta por cento dos que tomam PrEP atualmente começaram em 2019, com um aumento de cerca de 200% entre 2018 e 2019. O pesquisador classificou esse dado como encorajador, mas ressaltou que a pandemia da Covid-19 alterou temporariamente esses resultados.

Na sequência, Giovanni falou sobre os dados demográficos dos usuários da PrEP na ALC, reportados pelo sistema de monitoramento global do HIV. Informou que 84% dos que usam a profilaxia são homens, 12% mulheres e 4% transgêneros. Setenta e sete por cento dos usuários possuem de 25 a 49 anos, 16% de 20 a 24 anos, 5% são maiores de 50 anos e 2% de 15 a 19 anos.

 

Outro assunto levantado pelo pesquisador foram as diretrizes da PrEP na região. Giovanni explicou que a Opas realizou uma rápida análise dessas diretrizes, incluindo nove políticas públicas, quatro esboços e duas diretrizes de projeto. Informou que 100% dos países fazem monitoramento de sífilis, 73% fizeram a passagem da profilaxia pós-exposição (PEP) para a PrEP, 53% já adotaram o esquema eventual (sob demanda), lançado pela OMS há um ano na 10ª Conferência em Ciência do HIV, em 2019, 40% fazem o monitoramento de clamídia e gonorreia, e 27% liberaram o uso da PrEP para menores de 18 anos, desde que exista autorização parental.O pesquisador encerrou a apresentação falando sobre as oportunidades de inovação em PrEP ocasionadas pela pandemia da Covid-19. Destacou o melhor uso de ferramentas como os serviços de aplicativos, internet, vídeo, telefone e telemedicina, a realização de autoteste para HIV e auto-coleta domiciliar para testagem de infecções sexualmente transmissíveis como forma de reduzir a necessidade de contato nos serviços de saúde.

 

Mencionou, ainda, as distribuições periódica e comunitária da profilaxia e a entrega domiciliar de antirretrovirais, preservativos e autotestes de HIV, assim como a PrEP eventual para HSH, com o objetivo de adaptar a dosagem às mudanças de padrões de exposição ao risco no contexto do

distanciamento social e a expansão, com segurança, de serviços comunitários liderados por pares.

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