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Qual o grau de disposição das minorias sexuais e de gênero para usar as diferentes modalidades de PrEP? Uma pesquisa on-line no Brasil, México e Peru
O acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV precisa ser ampliado urgentemente entre minorias sexuais e de gênero na América Latina. Novas modalidades do medicamento foram desenvolvidas e podem abordar os desafios da adesão à modalidade oral diária.
Estudo conduzido por Jazmin Qquelon, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, em Lima, no Peru, e demais pesquisadores*, examinou os fatores associados à disposição para o uso da PrEP nos esquemas oral diário, sob demanda (PrEP 2+1+1) e injetável bimestral entre minorias sexuais e de gênero do Brasil, México e Peru.
Um estudo transversal on-line foi realizado, de agosto a novembro de 2024, com pessoas de minorias sexuais e de gênero, maiores de 18 anos e HIV negativas. Modelos de regressão de Poisson foram utilizados para estimar a disposição de usar cada modalidade de PrEP, ajustados para idade, país, raça, renda, sexo com pessoas vivendo com HIV, depressão, homonegatividade (reações à homossexualidade), risco percebido de HIV e conhecimento sobre o vírus.
Dos 9.257 participantes incluídos (65,5% do Brasil, 24,6% do México e 9,9% do Peru), com média de idade de 38 anos, 20,2% relataram ganhar um salário mínimo ou menos. A maioria estava disposta a utilizar a PrEP injetável bimestral (68,7%), seguida da PrEP oral diária (58,5%) e da PrEP sob demanda (45,3%). Nas três modalidades, a disposição para o uso aumentou com a elevação do risco percebido de HIV e diminuiu com a maior homonegatividade. A disposição para utilizar os esquemas sob demanda e injetável bimestral foi maior com o aumento do conhecimento sobre o vírus.
Em comparação com os brasileiros e mexicanos, os peruanos estavam mais dispostos a usar a PrEP oral diária e menos dispostos a utilizar a sob demanda e a injetável bimestral. Voluntários dos três países que informaram relações sexuais com pessoas com HIV se disseram menos dispostos a usar a modalidade sob demanda e mais dispostos a utilizar a injetável bimestral.
Segundo os autores, a PrEP injetável bimestral foi o esquema preferido no Brasil, enquanto a oral diária foi o preferido no México e no Peru. Eles ressaltam que a disposição para usar as modalidades sob demanda e injetável bimestral aumentou de acordo com a elevação do conhecimento sobre o HIV.
*Autores:
Jazmin Qquellon (1), Kelika Konda (1 e 2), Hamid Vega-Ramirez (3), Thiago Torres (4), Carlos Caceres (1), Rebeca Robles-Garcia (3), Paula Luz (4), Brenda Hoagland (4), Cristina Pimenta (4), Marcos Benedetti (4), Valdiléa Veloso (4) e Beatriz Grinsztejn (4)
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Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru
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Escola de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia, Los Angeles, EUA
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Instituto Nacional de Psiquiatría Ramon de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México
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Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil.

