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Uso atual e prévio de PrEP e fatores associados entre minorias sexuais e de gênero do Brasil, México e Peru
Embora o acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV na modalidade oral diária esteja sendo ampliado na América Latina, a adesão ao medicamento permanece baixa na região. Estudo conduzido por Kelika Konda, da Escola de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores*, avaliou a frequência e os fatores associados ao uso de PrEP entre minorias sexuais e de gênero do Brasil, México e Peru.
De agosto a novembro de 2024, os investigadores realizaram pesquisa on-line envolvendo pessoas pertencentes a minorias sexuais e de gênero, maiores de 18 anos e HIV negativas para perguntar sobre o uso atual e anterior de PrEP. Também foram abordadas questões relativas à idade, país de residência, renda, escolaridade, raça/etnia, depressão, homonegatividade (reações à homossexualidade), risco autopercebido para o HIV, conhecimento sobre o vírus, número de parceiros sexuais, prática recente de chemsex (uso de drogas durante a prática sexual) e sexo com pessoas vivendo com HIV/status de HIV desconhecido.

Pesquisadores do INI/Fiocruz: Thiago Torres e Mayara Secco
Entre os 9.257 participantes incluídos (65,5% do Brasil, 24,6% do México e 9,9% do Peru), 2.380 (25,9%) eram usuários atuais de PrEP e 649 (7,1%) eram usuários anteriores da profilaxia. O uso atual do medicamento variou significativamente entre os países (32,1% no Brasil, 21,7% no Peru e 19% no México).
O uso atual de PrEP foi associado a ser residente no Brasil, ter ensino superior, maior renda, menor homonegatividade, menor autopercepção de risco para o HIV, maior conhecimento sobre o vírus, maior número de parceiros sexuais, fazer mais sexo com pessoas vivendo com HIV/status de HIV desconhecido e à prática de chemsex recente.
O uso anterior da profilaxia foi associado ao ensino médio, à maior autopercepção de risco para o HIV, a ter menos parceiros sexuais e a fazer menos sexo com pessoas vivendo com HIV/status de HIV desconhecido.
De acordo com os autores, o uso atual da PrEP oral diária foi maior no Brasil, onde o medicamento está disponível desde 2018, em comparação com o México e o Peru. Eles destacam que a associação do uso da profilaxia com maior escolaridade e renda, apesar de sua disponibilidade gratuita, aponta para a necessidade de uma melhor comunicação e intervenção em saúde pública.
*Autores:
Kelika Konda (1 e 2), Thiago Torres (3), Hamid Vega-Ramirez (4), Jazmin Qquellón (2), Carlos Cáceres (2), Paula Luz (3), Brenda Hoagland (3), Cristina Pimenta (3), Rebeca Robles-Garcia (4), Marcos Benedetti (3), Valdiléa Veloso (3) e Beatriz Grinsztejn (3).
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Escola de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia, Los Angeles, Estados Unidos
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Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru
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Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil
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Instituto Nacional de Psiquiatría Ramon de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México.