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Vulnerabilidade social e fatores psicossociais associados à adesão aos antirretrovirais entre minorias sexuais e de gênero que vivem com HIV no Brasil, México e Peru
De 2010 a 2023, a América Latina teve um aumento de 9% no número de pessoas infectadas pelo HIV e uma redução moderada (38%) nas mortes relacionadas ao vírus, em especial entre minorias sexuais e de gênero. A vulnerabilidade social e os desafios psicossociais frequentemente dificultam a adesão à terapia antirretroviral (TARV).
Com o objetivo de avaliar fatores sociais e psicossociais associados à baixa adesão à TARV entre minorias sexuais e de gênero vivendo com HIV na América Latina, Hamid Vega-Ramirez, do Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz, na Cidade do México, e outros pesquisadores*, assinaram um estudo específico sobre o tema.
Os pesquisadores realizaram, de agosto a novembro de 2024, pesquisa on-line no Brasil, México e Peru. Os participantes eram maiores de 18 anos e se declararam vivendo com HIV. Foram coletados dados sociodemográficos, tempo de convivência com o vírus, comportamentos sexuais e uso de substâncias, juntamente com escalas para depressão, bem-estar em saúde mental, homonegatividade (reações à homossexualidade) e conhecimento sobre o HIV.
No total, 2.522 voluntários (66% do Brasil, 24,8% do México e 9,2% do Peru) foram incluídos na análise. Desses, 95,1% eram homens cisgênero e 80,5% possuíam o ensino superior completo. A maioria (78,3%) relatou adesão ideal (mais de 95% dos comprimidos tomados nos 30 dias anteriores) à TARV. A média de idade da amostra foi de 42,3 anos.
Ser do México, ter baixa/nenhuma renda, praticar trabalho sexual, usar estimulantes/opioides e sofrer de depressão aumentaram as chances de baixa adesão à TARV. Em contrapartida, possuir mais conhecimento sobre o HIV aumentou a chance de adesão ideal à TARV.
De acordo com os autores, a vulnerabilidade social e as adversidades psicossociais continuam a impactar a adesão à TARV entre minorias sexuais e de gênero na América Latina. Eles destacam que a resposta ao HIV na região requer uma abordagem mais abrangente, a fim de alcançar aqueles que são particularmente mais vulneráveis.
*Autores:
Hamid Vega-Ramirez (1), Kelika Konda (2 e 3), Thiago Torres (4), Jazmin Qquellon (2), Carlos Cáceres (2), Rebeca Robles-Garcia (1), Paula Luz (4), Brenda Hoagland (4), Cristina Pimenta (4), Marcos Benedetti (4), Valdiléa Veloso (4) e Beatriz Grinsztejn (4)
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Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México
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Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru
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Escola de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia, Los Angeles, EUA
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Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil.

